Será que realmente construímos uma casa grande sem um propósito significativo?

Afinal, construímos uma casa enorme sem motivo nenhum?
Está a dizer que fizemos uma casa gigante à toa? bufou a sogra. Então devolvam metade do valor!

Preciso de ter uma conversa séria contigo a mulher de cabelo curto sentou-se frente à Joana. Antes de começares a namorar o meu filho, há coisas que precisas de saber.

A magricela loira olhou para a futura cunhada com olhos cheios de surpresa afinal, só a tinha visto três vezes na vida.

Se queres fazer parte desta família, tens de perceber que as pessoas mais importantes para o Filipe são os pais! gabou-se Dona Margarida. Não precisamos de uma nora que venha mandar no meu filho.

Eu mando nele? interrompeu a Joana.

Espera, deixa-me acabar! Um pouco de paciência, se faz favor respondeu secamente.

A rapariga baixou os olhos e corou, sem querer irritar a mãe do namorado. Eles tinham começado a sair há pouco, e a Joana não queria arriscar.

Pois é continuou Dona Margarida, a nossa família tem um plano: assim que o Filipe casar, mudamo-nos todos para uma casa que está quase pronta. Vamos viver juntos, uma grande família!

Ótimo! forçou um sorriso a Joana.

A mulher arregalou os olhos, sem esperar aquela concordância tão rápida.

Que bom que estás de acordo! Acho que vamos ser grandes amigas disse, piscando o olho com malícia.

E logo começou a elogiar a rapariga ao filho, dizendo como ela era bondosa, inteligente e atenciosa.

Vendo aquilo, a Joana esforçou-se ainda mais para agradar. Oferecia-lhe prendinhas com e sem motivo, sempre a demonstrar atenção.

Um ano depois, Dona Margarida, com medo que o romance acabasse, começou a pressão.

Quando é que lhe vais pedir em casamento? perguntava quase todos os dias. Se não te apressares, ela cansa-se e vai-se embora, depois vais-te arrepender

O Filipe acabou por ceder e fez o pedido, ao qual a Joana aceitou, radiante.

Os pais do noivo pagaram o casamento, e a rapariga sentiu-se ainda mais certa da sua escolha perfeita.

Nos primeiros três meses, os recém-casados viveram num apartamento alugado. Até que Dona Margarida anunciou:

Pronto, a casa está terminada! Podem fazer as malas, que nós também fazemos as nossas!

O quê? Nós estamos bem aqui! franziu o sobrolho a Joana, que não tinha planos de viver com a sogra.

Como assim? Combinámos que, mal a casa estivesse pronta, nos mudávamos todos!

Mudem-se vocês, quem vos impede? resmungou a Joana, que de repente mudou de ideias.

Dona Margarida ficou tão chocada que ficou sem palavras por uns segundos.

Espera lá, tu prometeste lembrou, calma.

O que eu disse na altura não conta. Agora mudei de opinião e não quero viver com vocês! disse, firme. Nós ficamos aqui. Aliás, já que saíram do vosso apartamento, o Filipe e eu mudamo-nos para lá.

O quê? bufou a sogra. Que vigarice! desligou o telefone, furiosa.

A Joana ouviu o sinal de chamada terminada e pousou o telemóvel, confusa.

Mal o fez, ouviu o toque do telefone do marido na cozinha.

Ao atender, percebeu que era Dona Margarida, a queixar-se ao filho.

Meia hora depois, quando o Filipe finalmente desligou, a Joana entrou na cozinha.

O rosto dele dizia tudo: estava irritado e dececionado.

O que se passa? perguntou, sério.

Passa-se o quê? a Joana cruzou os braços.

A minha mãe ligou. Quer dinheiro.

Dinheiro? Para quê?! a notícia surpreendeu-a.

Pela casa! Tu prometeste-lhe alguma coisa antes de casarmos? Que iríamos viver lá?

Nada fingiu-se distraída.

Tu apoiaste a ideia dela, não foi?

E daí? Na altura concordei, agora não quero.

Eu nunca concordei porque achei que era loucura! A casa esteve parada três anos, mas depois do casamento ela acabou-a. Por tua causa! a voz dele subiu.

Acabou e pronto, qual é o problema?

O Filipe não respondeu o telefone tocou de novo. Mas teve uma ideia: entregou-o à mulher.

Agora fala tu!

Mal ouviu a voz da nora, Dona Margarida atacou:

Devolvam o dinheiro da casa!

Que dinheiro? Estás maluca?

Então construímos uma casa à toa? Devolvam metade!

Metade de quê? a Joana cerrou os dentes.

Cinco mil euros! Devem-me cinco mil euros! berrou a sogra. Senão

O que vão fazer? Eu não assinei nada!

Nesse caso, cortamos relações!

Ai, que medo! a Joana desligou, rindo.

Dona Margarida passou a cobrar ao filho quinhentos euros por mês.

Assim só me pagas daqui a dez anos! queixou-se. Ou aumentas, ou mudam-se para a casa.

Sem margem para negociar, o Filipe aceitou.

Mas a Joana recusou-se. Seis meses depois, o casamento acabou.

Rate article
Será que realmente construímos uma casa grande sem um propósito significativo?